10 leitos de UTI da Santa Casa de Taquarituba estão na iminência de fechar
Com salários atrasados médicos denunciam desde perseguição política, até tentativa de interferência técnica. Prefeito reconhece que UTIs podem parar.
Em outubro de 2020, num momento de grande preocupação com o aumento de casos de covid-19 em Taquarituba e região, principalmente os graves, direção da Santa Casa de Misericórdia, políticos e comunidade se uniram para realizar um projeto ambicioso: instalar na entidade 10 leitos de UTI.
Na região, somente Avaré e Itapeva contam com Unidade de Tratamento Intensivo, habilitadas permanentemente pelo SUS, haja visto, tanto a grande complexidade para regulamentar uma unidade, como também o elevado custo de manutenção, exigindo profissionais de grande gabarito, com salários a altura.
Além dos leitos propriamente ditos, a Santa Casa que almeja uma UTI perene, tem que ter laboratório, tomografia e diversos outros equipamentos para dar suporte a vida que Taquarituba ainda não tem.
Com o apoio irrestrito do então prefeito Bola, desde a instalação dos leitos tudo parecia ter caminhado bem, até o inicio da nova gestão municipal, agora sob o comando de Eder Miano que herdou 12 milhões disponíveis em caixa, o que parece não ter bastado. Coincidindo com a troca de prefeitos, desde então, são muitos os relatos de problemas na Ala de Combate a Covid-19.
Médicos que compõem a equipe de 15 profissionais que atendem os 10 leitos de UTI na Santa Casa de Misericórdia, dedicados a pacientes com Covid-19, procuraram o Portal do Sudoeste Paulista. Temendo pelo fechamento repentino dos leitos, profissionais da entidade denunciam problemas existentes na Ala de Combate a doença.
Dentre os problemas enumerados, os médicos alegam perseguição política, tentativas de ingerência na questão médica e atrasos de salários. Segundo eles, o último pagamento ocorreu em agosto. Há cerca de 2 meses os médicos procuraram a Justiça, onde retrataram os problemas e pediram o afastamento do presidente da entidade. O juiz da Comarca acatou o pedido dos médicos e afastou o presidente que retornou ao cargo duas semanas depois.
Quando da implantação das UTIs, devido o projeto atender pacientes de toda a região, informações diziam que prefeitos da região assinaram um documento no qual se comprometiam em ajudar no alto custeio. Entretanto, Eder Miano, disse ao Portal do Sudoeste Paulista que o município de Taquarituba não conta com ajuda de outros municípios. A AMVAPA – Associação que representa diversos municípios da região, foi procurada. O presidente da entidade, o prefeito de Coronel Macedo, Betinho, rechaçou completamente a existência desse documento “não existe nada disso”, disse ele ao Portal.
Para piorar ainda mais a situação, fontes dentro da entidade revelaram ao Portal que fornecedoras de medicamentos e insumos estão convivendo com atrasos nos pagamentos, por consequência deixam de fornecer os produtos a contento, o que prejudica o funcionamento da UTI. A fonte também revelou que um deputado estadual precisou ser acionado e com urgência, conseguiu liberar junto ao Governo, uma verba “a toque de caixa”.
Procurado pela imprensa, prefeito Eder Miano que está em Brasília-DF, demonstrando preocupação com a celeuma, fez uma live para falar sobre o problema
O prefeito que está em Brasília, segundo ele justamente para buscar recursos, demonstrando preocupação com a repercussão do caso chegou a realizar uma live via redes sociais. Ao Portal, contou que o SUS envia desde março, R$ 480 mil/mês para o custeio das 10 UTIs. Faça sua conta: cada leito tem um custo diário especulado em torno de R$ 2mil. Ainda conforme o prefeito, o possível excedente é bancado pelos cofres públicos de Taquarituba.
Segundo informações colhidas pela reportagem, 5 leitos de UTI para a Covid-19, estão com pacientes, as demais vazias e devido as verbas federais serem temporárias e ligadas diretamente a demanda, é provável que logo irão cessar, deixando toda a despesas para a Santa Casa, uma entidade beneficente. Para o prefeito, quando isso acontecer as UTIs serão fechadas, “Se o governo cortar o repasse não poderemos continuar até porque a demanda está bem abaixo nesse momento devido a vacinação que fizemos”, afirmou o prefeito ao Portal.
Milhares de reais foram investidos na estruturação física da entidade. Uma ala foi reformada e completamente equipada, considerada padrão de primeiro mundo. Vários equipamentos de alto valor foram adquiridos com a ajuda de ações junto a comunidade e agora, tudo corre o risco de ficar encostado, sem possibilidade de uso, inclusive um avançado sistema de hemodiálise, muito comemorado na cidade quando foi adquirido.
Outro fator preponderante. Os taquaritubenses podem perder os 15 profissionais que atuam na entidade. Os médicos dizem que não têm contratos assinados que garanta alguma estabilidade e não sabem por quanto tempo irão continuar servindo a população.
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