Quando sentiu que seu coração chorou ao ver tantos animais abandonados no famoso e turístico Balneário Costa Azul, na suntuosa Estância Turística de Avaré, Eunice Martos Barros, não fez como a ampla maioria. Ela agiu, reagiu. Pagou e paga caro por isso até hoje, mas se tornou um ser humano especial, cuidando já faz 20 anos desses também seres especiais, massacrados pelos malvados e gélidos corações humanos.
Eunice Barros, professora aposentada, tem sofrido as cóleras de ser uma altruísta. Vivendo só, até pouco anos, fazia tudo por conta própria, mas com o passar do tempo, sem outra saída, precisou de ajuda e o destino foi colocando pessoas em sua vida que a ajuda a mitigar o peso que é abrigar e cuidar de dezenas de vidas indefesas.
O principal de vários amigos, é o jornaleiro Flávio Gaioto que tem feito a diferença na vida solitária e perseverante de Eunice. Recentemente ele e amigos iniciaram a campanha “Apadrinha é um ato de amor”, no intuito encontrar bons corações que possam contribuir com uma pequena quantia mensalmente ou até de forma esporádica.
Se você chegou até esse ponto do texto, seu coração foi tocado, então, conheça a síntese da história da Dona Eunice, a solitária cuidadora de animais, que foi deixada até pela família, que não concorda com o rumo inesperado que vida tomou.
“Vim morar no Costa Azul pois criava na época três netos. Morar perto da escola e poder frequentar a praia do Costa Azul, que os netos tanto amavam, me atraiu para o bairro, mas a alegria durou pouco, pois percebi que viemos morar em um lugar de desova de animais. Idosos e bebês felinos e caninos, doentes, largados para morrer. Alguns encontrados jogados em latões de lixo e outros abandonados nas ruas.”

Eunice cuida dos abandonados não por pena, mas por amor
Assim que foi reconhecida como cuidadora de animais abandonados, começou na vida de Eunice, o assombroso e interminável histórico de denúncias de animais dando cria no mato, famílias maltratando os indefesos, pessoas que mudavam e abandonavam os seus, presos sem alimentação, além de outras crueldades fáceis de imaginar.

Eunice não tem mais uma casa, nem um quarto, tudo é dedicado aos seres de luz
Com tanta tristeza afetando seu coração, Eunice abandonou a própria vida para se dedicar 100% aos netos (naquela época), das aulas e principalmente dos animais que resgatava.
O acolhimento aos abandonados e maltratados não cessava, fazendo que Eunice fosse improvisando canis e gatis no quintal de sua casa e dentro, o que hoje é chamado de “Abrigo da Tia Eunice.”

Mesmo com tantos percalços, Eunice não se entrega, como todo bom guerreiro
“Cheguei a ter 150 gatos, fora os que morriam durante o resgate, mesmo com ajuda de veterinários.” Conta a cuidadora. “Hoje estou com 61 felinos e mais alguns que só vêm até o muro para comer, todas as manhãs e tarde, ou me procuram quando não estão bem de saúde.” Relata emocionada a cuidadora que precisa de amparo.
Já se passaram duas décadas dedicadas integralmente aos seres de luz, anos além de difíceis, doídos, pois ela sente, chora a perda de cada amiguinho.

A causa animal tocou profundamente o coração de Eunice, quando se deparou com o drama no bairro Costa Azul, em Avaré
“Cães foram centenas em 20 anos como cuidadora. Hoje estou com 49 cães, os menores moram dentro de casa. São 12 ou por falta de canil ou por apego a mim.”
Sem mais espaço no quintal, Eunice abriu literalmente as portas de sua casa, de seu quarto. “Há anos, minha suíte que tem área de sol, foi transformada em Gatil. O espaço deles teve que ser ocupado pelos cães maiores.”

Eunice ama cada um dos seus, e se alegra com todo minuto vivido e compartilhado com eles, mas sofre com suas partidas constantes
Quando ela recolhe fêmeas, a prioridade é a castração, se for tarde pra isso, ela também se torna parteira. “Cuido do parto e dos bebês até o desmame, para então anunciarmos adoção com a ajuda de amigos. Mas nem sempre todos são adotados.”
Até o ano de 2001, Eunice estava dando conta, usando toda sua aposentadoria para bancar a enorme despesa, “mas de repente tive que ir desfazendo de móveis coloniais, piscina e outros itens para segurar a situação. Não tinha ajuda e a conta na casa de ração nunca era coberta totalmente e só crescia.”

Parte dos gatos de Eunice, que cuida com paixão e acredite, cada um deles são chamados pelo nome
Com a situação se tornando insustentável, Eunice expôs o drama ao amigo Flávio Gaioto que já mandava doações de cobertores, ração, mas não sabia de fato, a realidade vivida pela cuidadora.
Ainda mais sensibilizado, Flávio iniciou uma campanha junto a amigos e simpatizantes da causa.
“As coisas então foram melhorando e eu já não tinha mais tanto medo, mas ainda era insuficiente para tantas despesas. Então ele entrou com o projeto de ‘Apadrinhamento’ que atualmente resolve vários problemas como troca de portões que estavam a maioria caindo, remédios, transporte aos veterinários, pois vendi o carro pra pagar dívidas.” Contou Eunice.

Alguns amiguinhos não moram com Eunice, mas passam lá todo dia, para se alimentar e passar um tempo com a cuidadora e amiga
Uma ONG também entrou na luta e passou a ajudar com rações e veterinário, mas mesmo com a chegada de mais ajuda, deveras importantes, as dificuldades continuam.
A manutenção no imóvel, uma casa que foi aos poucos sendo transformada em abrigo para animais, possui problemas. Torneiras, goteiras nos telhados tanto nos canis, como na casa.
Ela está com 72 anos e sérios problemas de saúde a limitaram, fazendo com que tenha de pagar uma funcionária. “Minhas energias não mais dão conta.” Lamenta.

Tudo que ganha e angaria, Eunice gasta com seus amados Pets
No momento, ela tenta retirar o Gatil de seu quarto, com a construção de um local onde é a garagem. “Tive de passar a dormir em um quarto com 12 cães e isso não está fazendo bem para a minha saúde.”
Mesmo com tantos problemas, o drama não a faz reclamar. Essa matéria foi sugerida por amigos e foi a reportagem quem procurou Eunice para a entrevista.
O Abrigo da Tia Eunice precisa de ajuda e, urgente, para continuar cuidando dos abandonados e você pode fazer a diferença. Seja caridoso e contate o amigo e fiel escudeiro da causa, o Flávio Gaioto, pelo fone 14 99826-1622 e torne-se um padrinho.

Eunice cuida de seus amados com muito esmero e paixão