Atualmente ainda é considerado um dos casos mais singulares de toda a bagunçada política brasileira. Tudo começou em agosto de 2008 quando o então prefeito de Avaré, Joselyr Benedito Silvestre (PSDB), foi cassado por irregularidades durante um processo licitatório. Contando com os devaneios do poder judiciário, mesmo impedido, o político conseguiu registrar candidatura a reeleição.
Joselyr teve 64% dos votos e venceu as eleições daquele ano, enquanto seu processo corria no judiciário. Entre a vitória e a posse, o TSE negou a diplomação do profissional da política avareense e foi aí que começou a saga de Rogelio Barcheti, o vice.
Juristas diziam que a chapa Joselyr/Barcheti deveria ser cassada, no entanto, o vice assumiu a Prefeitura de Avaré em primeiro de janeiro de 2009 e, respaldado pelo judiciário, na época mais perdido que nos dias atuais, seguiu como prefeito até 31 de dezembro de 2012.
Joselyr Silvestre não aceitou a decisão do judiciário e mirou sua ira no seu vice Barcheti que por sua vez, começou a sofrer perseguições políticas e colecionou centenas de processos durante seu conturbado mandato.
Naquela administração de Rogelio Barcheti, praticamente toda ação era judicializada e o alcaide não tinha sossego para conduzir o município. Tudo era incerto, menos a pilha de processos que Barqueti acumulava na justiça. Ao todo, foram quase 300.
Em conversa com Rogelio Barcheti, esse revelou que foi um pesadelo que teve seu desfecho no último dia 17, quando o derradeiro processo derivou em absolvição. “Essa (vitória) foi a mais relevante pra mim”, comemorou o ex-prefeito de Avaré.
O ministro Ribeiro Dantas, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), absolveu Barcheti de possíveis 20 anos de prisão. Nessa ação, onde era acusado de irregularidades na Merenda Escolar, atuaram os advogados Luiz Carlos Dalcim, Thiago Dalcim, José Roberto Batochio e Leonardo Batochio.
Cerca de 90% dos prefeitos brasileiros nos últimos 20 anos, acabaram acumulando dezenas ou centenas de processos após deixaram seus cargos. Um fenômeno brasileiro chamado de judicialização da política.
Após mais de uma década vivendo entre tribunais, Barcheti, atualmente filiado ao PL, disse durante a conversa jornalística, agora considerado ficha limpa, que não sabe se voltará para a política. “Mesmo depois de todos estes livramentos, ainda não sei se quero voltar à vida pública. Eu e minha família estamos muito feridos por estes 13 anos que passamos nos defendendo de um recorde de denúncias infundadas contra mim.”