Mãe de Mikaela quebra o silêncio e revela o calvário que sua filha percorreu, da luz do parto até a escuridão da morte
Thais Garcez, ainda muito abalada com a morte da filha, teve forças para conversar com a reportagem e revelar como foram os intermináveis dias.
13 dias de angústia. Do dia do parto, 8 de janeiro até a morte da garota Mikaela, no dia 16, são relatados pela mãe da adolescente que morreu de forma misteriosa, após ter dado à luz a Lorenzo Miguel. O caso ainda comove a região Sudoeste Paulista.
Thais Garcez, agora mãe avó de 32 anos, sobrevive com os parcos recursos que ganha com seu trabalho como costureira autônoma. Humilde e sem os privilégios de um abastado taquaritubense, ela viu sua filha sucumbir por longos 13 dias e, depois de negar entrevistas a vários jornais, após ela ler a exclusiva matéria publicada pelo Portal do Sudoeste Paulista, onde revelamos ter os médicos da Santa Casa de Avaré, encontrado um abscesso na barriga da filha, ela resolveu quebrar o silencio e procurar a redação do Portal.
Thais falou com a reportagem do Portal na tarde deste sábado, 25, onde revelou morosidade no atendimento a sua filha, a ausência total de exames médicos nos dias em que ela procurou ajuda na Santa Casa de Taquarituba e, até mesmo a comovente informação de que teve de implorar ao médico para que pusesse as mãos em sua filha, que agonizava de dor.
Tudo começou no dia 8 de janeiro. Depois de Mikaela ter passado por uma gravidez normal e sem problemas, neste dia, sentiu as dores do parto e exatas 12:30 horas chegou ao hospital com 4 quatro dedos de dilação, essa teria sido a única vez que ela fora atendida rapidamente. As 21:20h daquela noite, Mikaela foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde através de parto via cesariana, Lorenzo nasceu saudável as 22:04h.
De volta para sua casa, Mikaela começou a ter fortes dores e no dia 11, apenas um dia após ter tido alta, procurou a entidade filantrópica onde, após horas de espera, foi atendida e medicada devido as dores e nada mais. Voltou para casa, mas as dores aumentaram, retornou novamente ao hospital no dia 13 e, desta vez, o médico de plantão, um cardiologista (o mesmo que a atendeu nas demais vezes) suspeitou de infecção de urina, pediu exame e medicou a jovem mãe com Amoxicilina, um antibiótico que combate infecções bacterianas, muito usado em infecções urinárias. “Mas ela não tinha nenhuma dor ou incômodo ao urinar”, contou Thais, já suspeitando da visão do médico que, mais tarde se mostrou equivocada.
O pequeno Lorenzo terá de crescer sem a presença de sua mãe
Com o quadro clínico só piorando, no dia 13, Mikaela voltou ao hospital. Depois de muito tempo de espera para ser atendida, foi novamente medicada com o antibiótico para combater infecção urinária e mandada de volta para casa. Um detalhe revelador dito por Thais, até este dia, sua filha não tinha sido nem tocada pelo médico. “Ela não foi nem apalpada pelo doutor, ele somente olhava para ela e prescrevia os remédios”, disse indignada a costureira.
No dia seguinte, terça-feira, 14, Mikaela voltaria pela última vez ao hospital. Desta vez, segundo Thais, vendo o estado deplorável de sua filha, implorou ao médico, o mesmo cardiologista, para que ao menos tocasse na adolescente, pois os outros atendimentos foram somente pelo olhar.
Foi quando o cardiologista pediu que a paciente se deitasse na maca do consultório e, após alguns toques de mão na barriga de Mikaela, mandou chamar a médica responsável pelo parto e disse para Thais, “em sua filha não toco mais a mão.”
Desesperada e sem saber o que fazer e muito menos a quem pedir socorro, Thais viu sua filha viva pela última vez. Mikaela foi internada, recebeu tratamento paliativo com transfusão de sangue e novos antibióticos. Sem responder ao tratamento, no mesmo dia 14 foi removida, já em estado muito crítico para a Santa Casa de Avaré. No dia 16, a jovem mãe não resistiu ao quadro severo de infecção e morreu.
Familiares com o pequeno Lorenzo Miguel
“Foi um baque muito grande! Tive muita dificuldade para engravidar de Mikaela. Agora passo pelo quarto dela, e um vazio enorme me consome. A dor é muito grande.” Declarou emocionada Thais que teve de apressar a conversa com o Portal, pois já se passava das 18:00hs e tinha de ir para a novena de orações pela alma de sua filha, uma reza entre família e amigos enlutados de costume dos católicos.
Thais que agora vive sob calmantes potentes para suportar a dor da perda irreparável, ainda teve tempo de contar que recebe ajuda da população taquaritubense com doações para o pequeno Lorenzo, cuidado agora pelo pai, de apenas 18 anos. A prefeitura do município, através do CRAS, também envia para o bebê, leite e fraudas.
Em memória de Mikaela Valeska Matias
Complementado a entrevista dada pela minha irma Thais …minha subrinha teve alta apos o parto durante a noite; e no outro dia alem das dores fortes tinha febre e pressao alta , onde ja achamos mto estranho .levada ao hospital por 2 vezes e mandada de volta pra casa sem ao menos ser examinada .na 3 vez foi exigido que a examinassem ai ja internada as pressas foi mto tarde …
2 dias com febre pressao alta e fortes dores abdominais; se tivesse sido atendida dignamente ; hoje ela estaria conosco .?
É lamentável sinto muito dói em mim esse sofrimento da perda sei oq vcs estão passando