A natureza da ocorrência, como escrito no Boletim de Ocorrências, é de “morte suspeita” e também, “deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene”, registra a trágica morte do estudante que comove Avaré e região, traduzindo: acidente de trabalho.
Gilliard Henrique Oliveira Leite, 16 anos, estava a serviço da empresa Canex Representação e Comércio de Cereais Ltda., com sede em Santa Cruz do Rio Pardo. Não está registrado no B.O., mas é possível que tenha sido contratado através do programa Jovem Aprendiz.
O acidente de trabalho que tirou a vida do estudante aconteceu nesta terça-feira, 19, em uma antiga instalação (há poucos anos reformada) de um frigorífico, localizado as margens da Rodovia SP-245 – Antônio Salim Curiati, as 09h05, conforme relata o Boletim da Polícia Civil de Avaré, que investiga a tragédia, atualmente é utilizado como depósito de grãos.
O caminhão é um WV 11.130, ano 1983, azul, tipo munck. Dois homens estavam com Gilliard no momento e são testemunhas registradas. Eles disseram que estavam a serviço da empresa e laboravam no local junto do adolescente.
Ocorre que eles estavam em dois caminhões, um graneleiro de borda alta de onde tiravam os grãos a granel para acondicioná-los em ‘bags’ e assim, poder armazenar no barracão. Para isso utilizavam o caminhão munck, o VW acima citado.
Em dado momento, o caminhão munck estava um pouco afastado do outro e imprudentemente, o garoto foi quem assumiu o controle do pesado no intuito de dar marcha a ré. Ao invés disso, Gilliard engatou outra marcha e o caminhão foi para frente.
Com o tranco, ele teria sido arremessado da cabine e caído no chão. O caminhão continuou andando e Gilliard teria tentado voltar para a cabine para frear, mas acabou colidindo com a coluna central de sustentação do barracão e continuou se movendo e esfregando sua lateral contra a pilastra, quando o garoto ainda estava na porta.
Sem conseguir entrar na cabine a tempo, acabou prensado, mas o fatídico não parou por aí. Uma peça do munck, saliente naquela lateral acabou atingindo o garoto, ficando além de prensado, esmagado.
Uma das testemunhas relatou ter gritado para Gilliard, ao cair do caminhão, para não voltar na cabine, o que teria sido ignorado. O mesmo homem, após tudo acabado, moveu o VW para soltar o garoto. Era tarde demais.
Policiais Militares que atenderam a ocorrência, apuraram que Gilliard tinha o costume de manobrar caminhões durante seus trabalhos como diarista. Para amigos de escola ele dizia que seu sonho era ser caminhoneiro.
Após a dura despedida de amigos e familiares no Velório Municipal, desde a noite de ontem, o corpo de Gilliard foi sepultado as 10h, dessa triste manhã de quarta-feira, 20, no Cemitério Municipal de Avaré. Ele deixa pais e uma irmã, além de avós muito próximos que choram sua prematura perda.
Local onde Gilliard estava trabalhando quando perdeu a vida