Mais uma vez, essa temporada de chuvas na região Sudoeste Paulista e toda a bacia hidrográfica em questão, registrou chuvas a baixo da média histórica num sistema gigantesco, composto por 10 usinas hidrelétricas e três grandes reservatórios.
O período chuvoso para essa região é de dezembro/23 a março /24. A condição hidrológica é a preocupação e centro do debate entre profissionais que explanaram durante a 3ª reunião em 2024 da Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio Paranapanema.
De forma virtual, na plataforma do Youtube, o debate promovido pela ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, ocorreu no dia 28 de março.
A preocupação é a situação dos reservatórios de usinas hidrelétricas instaladas no leito do rio, denominada “Acompanhamento das Condições Hidroenergéticas Sistêmicas.”
A meteorologista Caroline Vidal, do Inpe, apresentando slides com mapas, revelou que choveu no período de 200 a 300 milímetros na maior parte da bacia, valores abaixo da média histórica “tivemos um balanço negativo das chuvas”, disse Carolina.
Março com poucos dias para terminar, a cientista ressaltou que até aquele dia, o mês também não registrou boas médias de chuvas, ficando também abaixo do previsto.
Pior que isso são as previsões para as próximas semanas e meses. Com os reservatórios recebendo menos recarga que o esperado, a preocupação vai além da produção de energia elétrica, mas também com todo o entorno do sistema, economicamente agrícola e turístico.
Utilizando imagens de satélite a meteorologista disse que não há registros de chuvas significativas para os próximos dias. Para as próximas semanas a tendência segue abaixo da média, principalmente para a região paranaense da bacia.
O volume de chuvas estimado para o trimestre abril, maio e junho, é algo entre 40 a 50mm/mês, com uma temperatura média de 14 a 22 graus Celsius. Frentes frias são esperadas.
A pluviosidade abaixo da média deve permanecer nos próximos meses, segundo os cientistas. Com os reservatórios abaixo do esperado, as hidrelétricas de Chavantes e Capivara já operam com redução da geração aos sábados e domingos.
Marcelo Seluchi, coordenador e cientista do Cemaden, por sua vez, em consonância com Caroline, destacou a baixa média de chuvas que já está mostrando a força da estação seca, de estiagem, que se inicia.
Devido ao fenômeno El Nino, era esperado chuvas acima da média, o que não ocorreu na Bacia do Paranapanema. “O período chuvoso realmente não foi bom”, ressaltou Marcelo.
Com um esperado de 135mm para março, choveu até então apenas 73mm na bacia, frisou o cientista. “Agora teremos uma sequência de quatro mês com poucas chuvas. Isso acaba mostrando um certo agravamento na seca,” completou.
A previsão do Cemaden é que, até o dia 30 de abril, os reservatórios estejam com os seguintes volumes: Jurumirim 42%, Chavantes 61%, Mauá 38%, e Capivara 44%.
A estiagem do lado paranaense da bacia deve ser menos sentida, o que não deve acontecer com o lado paulista, afetando principalmente os pequenos agricultores e negócios ligados ao turismo.
A região Sudoeste Paulista deve ser fortemente afetada pela estiagem. Com poucas chuvas, o esperado stress vegetativo é muito preocupante e as queimadas mais ainda.
Diagrama das UHE instaladas no leito do Rio Paranapanema