Setembro Amarelo: muito se ouve, mas será que muito se escuta?

No frenesi do dia a dia, ouvir parece uma atividade automática. Porém, escutar verdadeiramente, com atenção, empatia e sem julgamentos pode ser a chave para apoiar pessoas em sofrimento emocional e prevenir crises. A escuta ativa possibilita acessar o mundo interno do outro, conhecer seus conteúdos, entender sua forma de pensar e sentir, explica Grazieli Gomes Garcia Zamboni, psicóloga clínica e organizacional.

Por isso, destaca-se a importância da prática entre familiares, amigos ou colegas de trabalho. “Independentemente de ser profissional da área, a escuta ativa é uma das principais habilidades para uma comunicação eficiente, contribuindo para a construção de bons relacionamentos e melhorias no clima organizacional, como aponta uma matéria publicada junho deste ano pelo site ‘Metadados RH em sintonia’”, ressalta Grazieli.

Em uma sociedade onde “como você está?” se tornou uma pergunta automática, é vital que aprendamos a escutar as respostas com a atenção que elas merecem. “Mas, para isso, é necessário envolver-se verdadeiramente na conversa, sem interrupções ou julgamentos, oferecer a alguém o espaço necessário para expressar seus sentimentos e, muitas vezes, aliviar o peso que carrega”, frisa a psicóloga. Praticar a escuta ativa não é apenas uma técnica, mas um ato de prevenção, acrescenta.

Quando as pessoas sentem que são ouvidas de maneira genuína, há uma redução significativa nos sentimentos de isolamento e desesperança, mostra pesquisa publicada no Journal of Counseling Psychology. Outro estudo, realizado pela Universidade de Harvard, aponta que ambientes onde a escuta ativa é praticada regularmente promovem uma maior sensação de pertencimento e segurança, especialmente em locais como escolas e ambientes de trabalho. Isso é fundamental, considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

A campanha Setembro Amarelo

Em 2013, Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, deu notoriedade e colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo®. E, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com essa linda campanha.

O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Atualmente, o Setembro Amarelo® é a maior campanha anti estigma do mundo! Em 2024, o lema é “Se precisar, peça ajuda!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.

O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.

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